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O valor de um segredo

Óia só que interessante esta notícia veiculada na página do Freakonomics (traduzida) lá no UOL. Ela não é atual - foi publicada em julho de 2006, mas o que importa é a visão econômica da reação em cadeia, se é que podemos dizer assim, por trás do fato. Leia e aprenda!
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Texto de Steven D. Levitt.
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Quanto a Pepsi pagaria para obter a fórmula secreta da Coca-Cola?

Alguns funcionários pusilânimes da Coca-Cola foram pegos recentemente tentando vender segredos corporativos da sua companhia para a Pepsi. A Pepsi entregou os vilões, e cooperou na operação para prendê-los.

Teriam os executivos da Pepsi desperdiçado a chance de obter grandes lucros a fim de "fazer a coisa certa"?

Eu almocei com o meu amigo Kevin Murphy um dia desses, e ele fez uma observação interessante: conhecer a fórmula secreta da Coca é algo que provavelmente não teria o menor valor para a Pepsi. Eis aqui a lógica desse raciocínio: digamos que a Pepsi conhecesse a fórmula secreta da Coca e fosse capaz de publicá-la, de forma que todo mundo fosse capaz de fabricar uma bebida que tivesse o mesmo sabor da Coca-Cola. Isso seria algo muito parecido com o que ocorre com os medicamentos vendidos sob prescrição médica quando as suas patentes expiram, e as companhias de medicamentos genéricos entram em cena. O impacto seria a queda acentuada do preço da Coca real (provavelmente o preço não chegaria ao nível daqueles das "cocas genéricas"). Isso seria obviamente terrível para a Coca. E provavelmente também seria ruim para a Pepsi. Com a Coca bem mais barata, as pessoas trocariam a Pepsi pela Coca. Os lucros da Pepsi provavelmente diminuiriam.

Assim, se a Pepsi obtivesse a fórmula secreta da Coca, a empresa não desejaria fornecê-la a ninguém mais. E se eles guardassem o segredo para si e fizessem a sua própria bebida com o sabor exato da Coca? Se eles fossem realmente capazes de convencer a população de que a sua bebida fosse idêntica à Coca, a nova versão da Coca feita pela Pepsi e a Coca-Cola real seriam aquilo que os economistas chamam de "substitutos perfeitos". Quando dois produtos são perfeitamente intercambiáveis nas mentes dos consumidores, isso tende a gerar uma acirrada competição por preços, resultando em lucros muito baixos.

Como conseqüência, nem o produto da Coca nem o da Pepsi seriam muito lucrativos. Assim que a Coca-Cola se tornasse mais barata, os consumidores se afastariam da Pepsi original e passariam a consumir ou a Coca-Cola, ou a Coca fabricada pela Pepsi, que, de qualquer forma, seriam menos lucrativas do que a Pepsi original.

No final das contas, tanto a Coca quanto a Pepsi provavelmente estariam em pior situação caso a Pepsi obtivesse a fórmula secreta da Coca e tentasse tirar proveito disso.

Assim, talvez os executivos da Pepsi tenham agido de forma moralmente louvável ao entregarem os criminosos que roubaram os segredos da Coca.

Ou talvez eles sejam apenas bons economistas.

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