Pular para o conteúdo principal

Síndrome de Jerusalém...

Doença ataca turistas que visitam a Terra Santa.

Uma visita a Jerusalém costuma provocar fortes emoções até nos mais incrédulos. A cidade transpira história, política, fé, formando um caldo de cultura que nenhuma outra no mundo concentra. Mas, para alguns turistas, esse impacto é tão forte que eles desenvolvem uma condição psiquiátrica chamada síndrome de Jerusalém e passam a acreditar que são um personagem bíblico.

De repente, a pessoa se afasta do grupo de excursão, começa a vagar sozinha, veste uma túnica e inicia uma pregação. O que parece brincadeira tem sido levado cada vez mais a sério pela polícia de Israel, que, em dezembro de 2007, destacou uma divisão especial só para lidar com as vítimas dessa doença. Atualmente, são internadas cerca de 40 pessoas por ano no hospital psiquiátrico da cidade. E as autoridades sinalizam que esse número tem crescido a cada ano.

A síndrome de Jerusalém foi identificada clinicamente pelo médico Yair Bar El, do Hospital Psiquiátrico Kfar Shaul, para onde vão todos os turistas com problemas psicológicos da cidade. Ele estudou 470 indivíduos tratados no centro médico entre 1979 e 1993 com sintomas característicos da doença.

A pesquisa rendeu uma série de conclusões, estabeleceu os estágios do distúrbio e apontou quem é mais suscetível a desenvolvê-lo. Umas das constatações é que, normalmente, a síndrome começa a se desenhar no segundo dia de viagem. E só é possível “barrá-la” até o estágio em que a pessoa tenta se afastar do grupo. Se ela se veste com lençóis, só a internação consegue detê-la. Os guias turísticos da cidade já estão treinados para alertar as autoridades sobre qualquer alteração.

Os cristãos de denominações protestantes são os mais suscetíveis a desenvolver a doença. Segundo Bar El, isso acontece porque, diferentemente de católicos e judeus, que têm tradições e rituais rígidos e um mediador, como o padre ou o rabino, os evangélicos mantêm uma relação direta com Deus. “Se fortes agentes externos causadores de stress (como a visita a locais sagrados) são confrontados com agentes internos (como a fantasia) e, ainda por cima, a pessoa é vulnerável, isso desencadeia a crise”, analisa a psicoterapeuta Eni Peniche, do Rio de Janeiro.

O tratamento para o distúrbio costuma ser simples. A primeira precaução, repassada aos policiais que abordam as vítimas pelas ruas, é não contrariá-las nem tentar chamá-las à realidade. Ou seja, é melhor elas continuarem pensando que são Maria Madalena, Davi ou João Batista, por exemplo. Podem ser ministrados tranquilizantes para amenizar o epicentro da crise. Em seguida, a conduta é tirar o paciente da cidade e levá-lo de volta à sua casa. O distúrbio costuma durar uma semana. Quem passou por isso descreve a experiência como uma sensação de desorientação ou intoxicação e lembram-se com detalhes do que aconteceu.

Não há relatos no Brasil de vítimas da doença. Há pouquíssimos especialistas no mundo em síndrome de Jerusalém e todos acreditam que ela é um tipo de psicose. Segundo eles, não é a Cidade Santa que causa todos esses efeitos. Ela é apenas um catalisador de reações intensas que alguns indivíduos estão predispostos a desenvolver por causa da formação religiosa. Também há controvérsias quanto a classificar a síndrome como uma doença, principalmente por conta da escassez de estudos. Mas ninguém contesta a existência, cada vez maior, de personagens bíblicos perambulando entre o Muro das Lamentações, a Via Dolorosa ou o Santo Sepulcro.

Fonte: ADIBERJ/O VERBO
Pego no: nistocremos.blogspot.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O escafandro e a borboleta

Uma dica de filme bacana, um motivacional apesar de não ser um filme cristão.     por Juliana Dacoregio   Impossível assistir a O escafandro e a borboleta (França/EUA, 2007) e não pensar em valorizar mais a própria vida. É o pensamento mais simplista possível, mas é também o mais sábio. Eu estava com um certo receio de assistir ao filme. Sabia do que se tratava e não queria sentir o peso da tragédia daquele homem. É uma história realmente pesada. E por mais que Jean Dominique Bauby – que, baseado em sua própria história, escreveu o livro homônimo que deu origem ao filme – conseguisse rir apesar de sua situação, o riso dele faz só faz aumentar o nosso desconforto, por ficar evidente que seu rosto permanece estático enquanto há emoções em seu interior.   Bauby se viu preso em seu próprio corpo em 1995, quando sofreu um derrame que o deixou totalmente paralisado e incapaz de falar. Apesar disso ele não teve sua audição e visão afetadas e suas faculdades mentais continuar

William Barclay, o falso mestre

  O texto a seguir foi traduzido por mim, JT. Encontrado em inglês neste endereço . As citações de trechos bíblicos foram tiradas da bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).     William Barclay, o falso mestre Richard Hollerman Estamos convencidos de que muitas pessoas não percebem o quão difundido o falso ensinamento está em nossos dias. Elas simplesmente vão à igreja ou aceitam ser membros da igreja e falham em ter discernimento espiritual com respeito ao que é ensinado pelo pastor, pregador ou outro "sacerdote". Elas meramente assumem que tudo está bem; caso contrário, o quartel-general denominacional certamente não empregaria uma pessoa em particular para representar sua doutrina publicamente. Esta é uma atitude desgraçadamente perigosa a sustentar, uma que nos conduzirá de forma desencaminhada e para dentro do erro. Alguns destes erros podem ser excessivamente arriscados e conduzirão ambos mestre e ouvinte à condenação eterna! Jesus nos advertiu sobre os farise

O natal por Ed René kivitz

O Natal não é um só: um é o Natal do egoísmo e da tirania, outro é o Natal da abnegação e da diaconia; um é o Natal do ódio e do ressentimento, outro é o Natal do perdão e da reconciliação; um é o Natal da inveja e da competição, outro é o Natal da partilha e da comunhão; um é o Natal da mansão, outro é o Natal do casebre; um é o Natal do prazer e do amor, outro é o Natal do abuso e da infidelidade; um é o Natal no templo com orquestra e coral, outro é o Natal das prisões e dos hospitais; um é o Natal do shopping e do papai noel, outro é o Natal do presépio e do menino Jesus. O Natal não é um só: um é o Natal de José, outro é o Natal de Maria; um é o Natal de Herodes, outro é o Natal de Simeão; um é o Natal dos reis magos, outro é o Natal dos pastores no campo; um é o Natal do anjo mensageiro, outro é o Natal dos anjos que cantam no céu; um é o Natal do menino Jesus, outro é o Natal do pai dele. O Natal de José é o instante sublime quando toma no colo o Messias. A partir daquela primei