Quarto episódio tratando do tema Fome versus vontade de comer. Sami Armed Isbelle é quem responde às perguntas:
1) Se somos parte matéria e parte espírito, por que os desejos mundanos sempre falam mais alto muitas vezes até entre aqueles que mais creem?
e
2) As religiões não têm conseguido estimular a fraternidade e o amor entre os homens? Por que muitas vezes se dedicam mais à guerra e à discórdia?
Stenio Garcia cita La Fontaine: “Arriscamo-nos a perder quando queremos ganhar demais”.
Ambas as perguntas trazem nítidos traços de que não professa fé alguma aquele que as formulou. Elas exibem o ponto de vista de quem está fora, alheio às religiões.
A primeira pergunta parece querer levantar o seguinte questionamento: “Por que somos tão tentados por desejos mundanos? E por que isso ocorre mesmo aos mais religiosos? A religião não é capaz de fazer morrer esses desejos que estão dentro do homem”? Esse seria o questionamento inteligente que o narrador poderia ter feito, e não fez porque vê as coisas de outra forma, com olhos carnais preconceituosos, e não espirituais. A resposta do Sami foi boa ao mostrar que sua religião busca o equilíbrio entre o material e o espiritual – desde que, é claro, a visão do islamismo sobre esse equilíbrio seja como a do cristianismo, ou seja, a de Jesus.
Um bom conhecimento a respeito de religiões em geral deve ter o Sami ao afirmar que nenhuma delas traz em seus princípios o incentivo à guerra ou à discórdia, mas sim a prática do bem. E se assim o for, sua resposta inteligente desmonta o também preconceituoso e mal formulado questionamento feito na segunda parte do episódio. Agora, lhe passou pela cabeça que esse segundo questionamento pode ter sido maquiavelicamente escolhido para cutucar os muçulmanos? Captou a possível malícia embutida lá, hum? É uma pena não haver mais tempo para os representantes das religiões entrarem em detalhes e esclarecerem mais dúvidas né?
Comentários