Mais um fim de ano está se aproximando e várias coisas se repetem nessa época: o Natal, as confraternizações com amigos do trabalho/de estudo e as brincadeiras de amigo secreto, por exemplo. E o quê mais? Bem, de uns anos pra cá têm se repetido, nesta época, a iniciativa de revistas seculares publicarem coisas sobre a fé cristã, mais especificamente sobre a figura de Jesus.
Tais publicações não têm necessariamente o intuito de fazer apologia à fé cristã, mas, ao que parece, de questionar sua veracidade atacando sua base, Jesus. Mas, olha só, não foi bem essa a intenção de três publicações brasileiras (Superinteressante, Aventuras na História e História Viva) neste fim de 2011. Leia meus comentários a seguir e saiba por quê.
Numa matéria intitulada Eu sou Jesus, e que não é a reportagem de capa, eles mostram os falsos cristos que já estão entre nós.
A Superinteressante pegou leve neste ano, viu? Estão até de parabéns, pois a matéria não é parcial e permeada de piadas sarcásticas com a fé cristã. Dão suas opiniões para compor a reportagem pessoas da Universidade Metodista de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por exemplo. O assunto é abordado à luz dó próprio cristianismo!
O texto fala de vários falsos cristos dos quais alguns eu já conhecia, através da internet e de um documentário que assisti no National Geographic. Só não falaram de Apollo Quiboloy, um filipino que gosta de se vestir com roupas finas e que pilota seu próprio helicóptero ao transitar entre sua emissora de TV e sua grande propriedade que parece um castelo e a qual ele afirma ser a instauração do 'reino de deus na terra'.
Vale a pena adquirir a edição? Sim, se você não tá por dentro da existência desses falsos cristos que já estão entre nós e acha que os sinais do apocalipse ainda não são tão evidentes no mundo.
Em Aventuras na História a matéria vem destacada na capa com o título Jesus – Houve mais de um (a revista aponta uns 9). No entanto, em vez de falar somente daqueles que se diziam messias (ou dos que recebiam esse título por parte do povo) e que existiram em Israel próximos à época de Jesus (antes, durante e depois), ela confunde as coisas e coloca João Batista como farinha do mesmo saco.
Ainda… supostamente tomando por base o método de trabalho da Ciência da História que procura o maior número de fontes possíveis de concordância para poder afirmar que algo ou alguém lá do passado realmente existiu, a reportagem afirma que o problema com Jesus Cristo é que Ele só é citado na Bíblia e numa parte dos escritos de Flávio Josefo que poderia ter sido falsificada na idade média. E olha que essa revista é hospedada dentro do site Guia do Estudante, da editora Abril, e, dessa forma, recomendada como material de estudo!
Vale a pena adquirir a edição? Sim, se você quer conhecer quem eram esses supostos messias. Não espere, porém, encontrar longos textos sobre cada um com riqueza de detalhes de suas vidas.
Como Jesus conquistou o mundo é o título da matéria de capa da História Viva. Nela a revista se propõe a mostrar como o cristianismo conquistou o Império Romano.
A reportagem se divide em duas partes. A primeira aborda como as religiões orientais se infiltraram em Roma e expõe ao leitor como elas e o cristianismo conquistaram os romanos por pregar uma espiritualidade individual, de contato intenso, e por serem religiões iniciáticas, isto é, que possuem rituais de iniciação, em contraste com as tradicionais crenças praticadas em Roma. Já a segunda parte detalha como a fé cristã foi se expandindo dentro do Império Romano. Mostra os ciclos de perseguição pelos quais o cristianismo passou até ser adotado como religião oficial do império. Há relatos de perseguições com nível de brutalidade dos quais eu não tinha conhecimento. Muitos cristãos de pouca fé chegaram a apostatar diante do temor pelo que poderiam passar – exemplo: serem obrigados a sentar em cadeiras de ferro aquecidas ao ponto de ficarem incandescentes. A valentia, entretanto, dos que se mantiveram firmes na fé, mesmo diante de atos de tamanha crueldade como esse, deixaram os outros romanos admirados e inclinados a conhecer essa nova religião, o texto ressalta.
Vale a pena adquirir a edição? Sim, para conhecer a história dos primórdios da fé cristã dentro de Roma, conhecer os mártires da fé. Apesar de cética em relação ao lado espiritual da nossa fé – como o é todo texto da história secular –, a reportagem é séria e mais interessante que o da revista Aventuras na História.
Nenhuma das revistas, infelizmente, disponibiliza trechos dessas matérias para leitura on line.
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