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Feliz 2012 ou um 2012 possível


Por Priscila Emerich Souza

Que nossas matas não se convertam em eucaliptos, acácias até que não sobre mais nada, que a comida não seja envenenada por agrotóxicos, que a humanidade não seja exterminada por um inimigo real em nossos pratos matando nossos familiares e amigos de câncer.
Que a medicina se torne mais humanizada de uma vez por todas, que as novelas da rede globo parem de deseducar e alienar nosso povo, que as massas acordem e exijam cultura de qualidade na TV banindo esselixo tóxico e violência das casas brasileiras que forja um comportamento padrão.
Que a revista Veja entre outros meios de comunicação fechem suas portas e sejam punidos por crime de difamação e desinformação, que os torturadores de outrora e de hoje, sejam presos sim, que a memória política seja recuperada sim. Que as propagandas de carro e de banco sejam ridicularizadas e seus marketeiros sejam obrigados a assisti-las presos a uma cadeira com os olhos abertos por horas a fio.
Que haja política pública decente para os sem-terra, sem-teto, sem-lar (inclui-se aqui índios), que o Brasil encontre uma forma de “avançar” sem deixar um rastro de alagamento.
Que as Universidades públicas continuem de qualidade sim contra todos seus detratores, possibilitando a divergência de opinião. Que o mundo do pensamento único seja questionado já na 1ª série do maternal estimulando a fantasia das crianças a pensarem que um outro mundo é possível sim.
Que nossa língua pátria e mesclada de tantas belas culturas volte a ser praticada, escrita, falada, conhecida, amada e respeitada.
Que o consumismo voraz e desenfreado seja varrido e vigiado nas cidades e culturas seculares e milenares e não permitam reduzir tudo a um grande shopping center a céu aberto.
Que o direito à cidade não se converta na pobreza do espetáculo de uma árvore de natal artificial que um banco ou uma empresa dá de migalha.
Que meus amigos que andam de bicicleta continuem pedalando sãos e salvos!
Que um tribunal de filósofos, cientistas sociais, humanistas, intelectuais, poetas engajados julgue os crimes de humanidade: guerra, chacina, tortura.
Que nossos juízes letrados, senadores, deputados, tenham vergonha de seus salários e todas as regalias frente ao povo que governam como reis a seus súditos. Que o povo sinta raiva e não resignação. Que o povo estude e não seja evangelizado. Que o povo leia ao invés de repetir o que diz o jornal nacional.
Que os ursos polares parem de tomar coca-cola!
Que o próximo tsunami atinja apenas a ilha de caras e a casa do big brother!
Que rappers, metaleiros e reggeiros assumam os cerimoniais de fim de ano da TV, pelo-amor-de-Deus.
Que não se extermine o último salmão nos mares, o último mangue da costa, o último panda das florestas, nem a última onça ou lenta tartaruga que atravessa nossas BRs.  Que o abandono e maltrato de animais e crianças seja punido. Que se volte a acreditar na alegria e espontaneidade das crianças sem prescrição de bulas de remédio.
Que a montanha de lixo na praia, nas ruas, nos aterros, envergonhe a todos como um espelho refletindo uma vida miserável de produção de cada vez mais supérfluos. Que cada adulto aprenda que um pouquinho de solidariedade e gentileza não faz mal.
Que a gente não se acomode, que eu não me acomode nessa zona de conforto e parafernália tecnológica com tanta miséria batendo à porta.
Feliz 2012 meus queridos amigos.

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