Se o cristianismo é verdadeiro,
então por que nem todos os cristãos são necessariamente mais agradáveis do que
os não-cristãos? O que está por trás dessa questão é em parte razoável e em
parte inadmissível.
A parte razoável é esta: se a conversão ao
cristianismo não representa nenhum aperfeiçoamento nas ações do ser humano – se
ele continuar sendo tão metido, rancoroso e vingativo; tão corroído pela inveja
ou ambicioso como antes – então teremos fortes motivos para suspeitar que sua
“conversão” foi totalmente imaginária. Depois da nossa conversão inicial, toda
vez que achamos que fizemos algum avanço, esse é o teste que devemos aplicar.
Sentimentos delicados, novos insights, um interesse maior pela “religião” podem
não significar nada, se o termômetro indicar que a nossa temperatura continua
subindo. Nesse sentido, o mundo secular está totalmente certo em julgar o
cristianismo por seus resultados. Uma árvore é conhecida pelos seus frutos; ou,
como diz o dito popular, a prova do pudim está em comê-lo.
Quando nós, cristãos, nos
comportamos mal, ou deixamos de nos comportar como deveríamos, tornamos o
cristianismo desacreditado para o mundo lá fora. Os cartazes e panfletos dos
tempos de guerra diziam que conversa fiada pode custar vidas. A recíproca é
verdadeira: “vidas fiadas” dão o que falar. Se levarmos nossas vidas sem responsabilidade,
as pessoas de fora começarão a falar; e nós teremos lhes dado bons motivos para
duvidar do próprio cristianismo.
C. S. Lewis em Cristianismo Puro e Simples, ed. MarthinsFontes
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